História de Urucânia

O Município
O nome URUCÂNIA, não se sabe ao certo, talvez tenha surgido em razão da abundância de URUCUM nas terras do lugar e da introdução e cultivo da cana de açúcar. A área do município é de 132 KM2, distando de Belo Horizonte cerca de 220 Km. O centro regional e Ponte Nova. Os primeiros habitantes chegaram no princípio do séc. XIX, instalando-se no local onde hoje é a sede do município. Por volta de 1869, Francisca Inácia da Incarnação, senhora fervorosamente católica, mandou erguer uma capela e uma casa contígua para abrigar o sacerdote. Na mesma época surgiu o cemitério, construído onde atualmente se acha a Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso. Vários benfeitores doaram terras em 13 de agosto de 1873 inaugurava-se o povoado, sendo este elevado a freguesia pela lei 3.442, de 28 de setembro de 1887. Em 13 de setembro de 1881 foi instalado o Distrito pela lei 2.763, compreendendo nele o povoado de Bom Jesus de Cardosos.
Segundo o historiador Cônego Trindade, a paróquia foi canonicamente instituída em 11 de julho de 1895, sendo o primeiro sacerdote o Pe. Francisco de Paula Gastani. O distrito foi desmembrado de Ponte Nova pela lei 2.764, de 30 de dezembro de 1962, surgindo assim o município de Urucânia, instalado solenemente em 1o de março de 1963. No ano de 1947 chega a Urucânia o Pe. Antônio Ribeiro Pinto, sacerdote dotado de poderosos atributos. A ele são atribuídos incontáveis milagres. O lugarejo ainda descalço se transforma num frenesi de estranhos, vindos de toda parte, do Brasil e do exterior, em numerosas procissões de romeiros em busca de um lenitivo para os males do corpo e da alma.
Até o ano de 1963, data de sua morte, Pe. Antônio foi o assunto prediletos de todos os jornais, rádios e revistas de todo país. Todos os anos, no dia 27 de novembro, acontece a festa da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças, data em que molhares de fiéis recorrem ao Santuário onde estão depositados os restos mortais do Reverendo. Na agricultura, desde seus verdes anos, Urucânia sempre esteve ligada ao cultivo e beneficiamento da cana de açúcar. Já em 1925, a Usina Jatiboca, instalada no município anos antes, chegava a produzir cerca de 2.825 sacas de açúcar. O transporte da produção era feito em carros de boi a estação ferroviária do Bandeiras. A produção da usina crescia em linha vertiginosa, dando início, em 1981, a produção de álcool combustível.
Durante um século a cana foi o principal fator de desenvolvimento da região. A usina, durante o apogeu, em escala cada vez crescente, chegou a produzir mais de 01 milhão de sacas de açúcar, gerando em torno de 3.000 empregos diretos e 16.000 indiretos. Foi de tal ordem a influência da cana, que toda atividade agrícola, em toda região, se voltava para sua produção. Foram os anos verdes do desenvolvimento regional. Ao tempo em que as atividades no campo expandiam os canaviais, Urucânia recebia uma legião de famílias vindas de outras cidades em busca de trabalho. Este fato marcou sobremaneira a evolução da cidade. O município se viu diante da impossibilidade de abrigar em condições normais todos os que a ele recorriam, causando um crescimento rápido e desordenado. Por outro lado, ocorreu um processo gradativo de perda de identidade, em função da população flutuante que se instalava, rebaixada a condições precaríssimas de sustento em decorrência dos baixos salários gerados pela atividade canavieira que não exige qualquer tipo de especialização. O declínio da atividade não tardou a chegar, incitando uma verdadeira debandada de agricultores para a sede do município e para vilas e distrito de Cardosos, ocasionando verdadeiros bolsões de pobreza.
As grandes fazendas, em sua grande maioria, perderam a capacidade de investimento, e muitas simplesmente desapareceram do contexto produtivo. A cana, por uma cultura que exige pouca tecnologia, condicionou a classe produtora, furtando desta a capacidade de instalar e exercer atividades mais rentáveis e exigentes em termos tecnológicos e produtivos. Alguns poucos produtores conseguiram sobreviver ao declínio da cultura e às turbulências do mercado globalizado, investindo na suinocultura comercial. Grandes canaviais foram simplesmente transformados em pasto para criação de gado, sem uma definição comercial do rebanho – o que é pior. Dezenas de pequenos agricultores e suas famílias abandonaram as terras, vindo aportar na sede em busca de trabalho. Centenas de pessoas se dirigiram para outros centros em busca de melhores condições de vida. O subemprego, ou o completo desemprego passou a ser a tônica da vida dessa gente.
Por outro lado, a evolução do quadro de ofertas de serviços públicos, quando comparado às necessidades instaladas em decorrência da desaceleração da atividade econômica municipal, revela uma lacuna preocupante. O poder público municipal rasteja, arrasta-se, distante de garantir ao cidadão a prestação básica essencial. O processo decorre do crescimento galopante da população urbana, do empobrecimento continuado desta e da incapacidade financeira do município realizar os investimentos necessários. Cada vez mais os municípios assumem funções antes compartilhadas ou de inteira responsabilidade de outras esferas de governo. A cidade carece de pesados investimentos no redimensionamento, melhoria, ampliação e tratamento de esgoto sanitário, lançado in natura nos córregos e nascentes. Falta drenagem pluvial na grande maioria das ruas, inviabilizando tecnicamente a implantação de calçamento, além de onerar substancialmente o serviço. A iluminação pública urbana não atende a totalidade não atende a totalidade da população. Quem dirá no campo. A frota de veículos da municipalidade está velha e exige manutenção constante. Para a tender as necessidades rurais, a prefeitura conta apenas com uma motoniveladora com 23 anos de uso. Não existe patrulha agrícola, o que piora em muito o atendimento ao homem do campo.
Há anos inexiste qualquer investimento no setor de construções populares. Como decorrência, barracos se equilibram no entorno dos morros. As creches são mantidas pela municipalidade e os serviços básicos de atendimento médico também. Cirurgias, exames e internações são encaminhados para outros centros, na loteria do atendimento do SUS. A prefeitura não suporta mais custear o transporte de alunos e precisa também investir no esporte, recuperar os campos de futebol e construir o ginásio poliesportivo. Sem este é ficção falar em esporte especializado. A cidade possui um banco, uma agência de correios e transporte regular coletivo de passageiros até a cidade de Ponte Nova. O sistema de telefonia fixa tem sido constantemente ampliado e o serviço de telefonia móvel ainda não chegou. Atualmente, cerca de 60% da mão-de-obra está desempregada.

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